O TOC é considerado uma doença mental
importante por vários motivos: é um transtorno bastante comum, que
começa geralmente muito cedo - muitas vezes ainda na infância e em geral
na adolescência. Se não for tratado é raro o desaparecimento
espontâneo dos sintomas que tendem se manter por toda a vida com
flutuações na intensidade, com períodos em que praticamente desaparecem,
seguidos de outros em que retornam com grande intensidade.
Os sintomas não raro são muito graves e
incapacitantes, causa sofrimento e interferência significativa nas
relações sociais e familiares e no desempenho ocupacional. Pesquisas
apontam que pessoas com TOC tendem a ser divorciadas, desempregadas, de
baixo nível sócio econômico e ainda costumam utilizar mais os serviços
de saúde do que a população geral.
Considerado raro até a pouco tempo,
sabe-se hoje que o TOC é um transtorno mental bastante comum, acometendo
entre 1,6 a 2,3% das pessoas ao longo da vida, ou 1.2% no período de 12
meses. Um estudo realizado em nosso meio verificou uma prevalência de
3,3% de TOC e 18,3% de sintomas obsessivo-compulsivos em alunos do
ensino médio em Porto Alegre. No entanto, apesar desses altos índices,
apenas um reduzido número de adolescentes já havia sido diagnosticado
com TOC anteriormente à pesquisa (9,3%) e um percentual ainda menor
recebia tratamento para a doença (6,7%). Calcula-se que aproximadamente
um em cada 40 a 60 indivíduos na população apresenta o TOC e é provável
que no Brasil existam entre 3 e 4 milhões de pessoas acometidas pela
doença.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o
TOC é o quarto transtorno psiquiátrico mais comum, precedido apenas
pela depressão, fobia social e abuso de substâncias. Foi considerado a
quinta causa de incapacitação em mulheres dos 15 aos 44 anos nos países
em desenvolvimento,sendo responsável por 2.2% da incapacitação por
doenças em geral.
Os sintomas não raro são muito graves e
em aproximadamente 10% dos casos, os pacientes se tornam incapacitados
para o trabalho, tornando-se inteiramente dependentes da família tanto
no sentido financeiro como para a tomada das decisões mais banais. Um
bom número de indivíduos afetados gasta uma parte significativa do tempo
de suas vidas na execução de rituais inúteis ou envolvidos em dúvidas e
medos obsessivos. Em alguns casos o tempo consumido chega a um terço dos
anos de vida ou até mais. O TOC está associado a um alto índice de
demissões no trabalho em razão da interferência dos sintomas na
produtividade.
Está associado também a uma taxa maior de insucesso em
levar adiante uma carreira, comprometendo portanto, de forma inequívoca,
a vida do indivíduo e de sua família. Os indivíduos com TOC apresentam
sérias dificuldades para conviver com as outras pessoas, para namorar e
constituir sua própria família, tendo como consequências o isolamento
social e a depressão.
Apesar das marcadas interferências na
capacidade de viver o TOC ainda costuma ser sub-diagnosticado e muitos
pacientes não buscam tratamento ou demoram muito tempo para fazê-lo.
Estudo multicêntrico realizado no Brasil apontou que o tempo médio entre
o início dos sintomas e a busca por tratamento em amostra de adultos
pode chegar até 18,1 anos. Isto pode acontecer pelo fato de que o
transtorno nem sempre é reconhecido como tal pelos indivíduos afetados
ou por seus familiares, por ser ainda pouco investigado pelos
profissionais da saúde quando fazem a avaliação dos seus pacientes e
pelo receio que muitos indivíduos afetados apresentam de expor seus
sintomas por vergonha e medo de serem ridicularizados e de sofrerem
possíveis humilhações.
Os sintomas do TOC interferem de forma
acentuada na vida da família que se sente obrigada a alterar rotinas, e
seu funcionamento, a acomodar-se aos sintomas, muitas vezes participando
dos rituais. É comum a restrição ao uso sofás, camas, roupas, toalhas,
louças e talheres, bem como ao acesso a determinados locais da casa.
Outros problemas típicos são a demora no banho, as lavagens excessivas
das mãos, das roupas e do piso da casa. Em razão dessas exigências e
imposições geral, são comuns as discussões e atritos, no sentido de não
interromper os rituais ou de participar deles, dificuldades para sair de
casa, atrasos, que comprometem em especial o lazer e a vida social da
família. O TOC acaba, portanto, tendo repercussões sobre toda a família.
Não raramente, os conflitos e dificuldades de relacionamento provocam a
separação ou o divórcio de casais ou a demissão de empregos.
Por todos esses motivos o deve ser
considerado um transtorno mental grave comparável em gravidade e em anos
de incapacitação a transtornos psiquiátricos como a esquizofrenia e o
transtorno bipolar, e como um importante problema de saúde.
Fonte: http://www.ufrgs.br/toc